sexta-feira, 11 de maio de 2012

Rio+20, a vitrine das empresas brasileiras


Dentro de dois meses, na terceira semana de junho, a cidade brasileira mais conhecida lá fora sedia um evento que deve não apenas servir de teste à capacidade de organização dos governos como também colocar o Brasil em evidência no resto do mundo. A Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, deve trazer ao Brasil dezenas de chefes de Estado – embora ainda não se saiba se o presidente americano, Barack Obama, estará presente –, além de milhares de especialistas, de dentro e de fora dos governos. Apesar da importância do evento, pouco se fala sobre ele. Não se deve esperar que as delegações assinem um documento que vá modificar a vida na Terra, antes de deixar o Rio. 
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As grandes companhias já perceberam que a sustentabilidade é fundamental
para os negócios. Seja pela preservação de recursos, seja pela manutenção de seus mercados.
Serão firmados, na verdade, compromissos que vão orientar a atuação dos países em relação ao meio ambiente nos próximos anos. Os internacionais, no âmbito das Nações Unidas, serão assinados pelos governos. Mas as decisões ali tomadas deverão ser colocadas em prática especialmente pelas empresas. O primeiro rascunho do documento traz muitos assuntos ainda sem consenso. Como sempre, nesses casos,  ainda está presente a disputa entre os países ricos, que já poluíram, e os países emergentes, que acham que ainda têm o direito de utilizar sua cota de poluição. O documento que dará a base das negociações defende o estímulo a uma economia verde, que promova o desenvolvimento econômico sustentável e ajude a erradicar a pobreza, mas deixa claro que essas iniciativas não devem resultar em barreiras comerciais, fomentar a desigualdade ou restringir a decisão individual dos países.
Enfim, evidencia os limites do que não se deve fazer, mas não necessariamente traça caminhos para a conciliação entre crescimento e preservação. A participação das empresas em acordos do gênero, que vão desenhar a economia do futuro, é de fundamental importância. Entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) já perceberam isso. A CNI, por sinal,  conta com um grupo que se dedica exclusivamente ao tema, encarregado de preparar um estudo, que será divulgado durante a Conferência, com exemplos de boas práticas ambientais de empresas brasileiras. Ainda não são todas, mas as grandes corporações já perceberam que a sustentabilidade é fundamental para a sobrevivência de seus negócios. Seja pela preservação de recursos naturais essenciais ao seu ciclo de produção – água limpa, por exemplo –, seja pela manutenção de seu mercado consumidor ou pela carteira de clientes. 

Ou mesmo pela possibilidade de atrair investidores, já que hoje existem fundos que só mantêm em suas carteiras ações de companhias sustentáveis. Empresas que exportam para a Europa, por exemplo, já estão acostumadas com o escrutínio de seus clientes, que querem saber a origem das matérias-primas que entram e o destino dos resíduos que saem da produção. E não prestam as informações porque são boazinhas, mas porque são pressionadas por seus consumidores. Ou seja, assumir uma postura sustentável, agir lembrando que o mundo tem que ser preservado para as gerações futuras não é mais uma opção. Não depende da ética ou das convicções pessoais do dono da empresa, da sua diretoria ou de ela estar instalada num país onde as leis, os órgãos de controle ambiental ou a sociedade são mais rígidas. Trata-se, cada vez mais, de uma questão de sobrevivência. Vamos ver o que as empresas brasileiras terão a mostrar quando estiverem na vitrine.

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Comentário sobre a reportagem:

Em junho próximo, o Rio de Janeiro cediará mais um evento importante, a Conferência das Nações Unidas,    que contará com a presença de representantes de vários paises do mundo. Nesta será apresentado propóstas para um desenvolvimento sustentável. Hoje, ser uma empresa ecologicamente correta e sustentável não é mais uma questão de ética ou boas convicções, e sim de sobrevivência. Não só da vida em nosso planeta, mas também dos negócios. Seguir um modelo economicamente sustentável, vai além de economizar custo. Adotar uma economia verde significa atrair investidores, como por exemplo os europeus, que atualmente só mantém fundos onde sabem a procedência da matéria prima, como são descartados os resíduos na natureza etc. Esta será uma excelente oportunidade das empresas brasileiras divulgarem seus nomes a nível internacional. Elas estarão na vitrine do mundo dos negócios.


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Economia verde é tema de preparatória para Rio +20


Empresas, bancos e organizações civis se reúnem para discutir economia verde no evento “Diálogos Nacionais: Rumo à Rio +20”, Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável da ONU que será realizada em 2012, no Rio de Janeiro


Um dos conceitos que ganham força no debate sobre desenvolvimento sustentável é o da economia verde. Ela seria um dos instrumentos para alcançar o progresso aliando respeito ambiental e inclusão social. Será também uma das principais discussões da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, marcada para 2012, no capital carioca. 

Para estudar o tema e estabelecer propostas para a conferência, a rede internacional Green Economy Coalition, formada por organizações da sociedade civil, empresarial, organismos internacionais e agências da ONU, realiza, periodicamente, o Diálogos Nacionais: Rumo à Rio +20, uma série de encontros preparatórios para a conferência. No Brasil, a primeira reunião aconteceu nos dias 11 e 12 de novembro, em São Paulo, e foi coordenada pela ONG Vitae Civilis. Foram cerca de 130 participantes entre empresas, bancos, sindicatos, movimentos jovens e associações da sociedade civil. “O encontro teve uma participação notável, porque raramente esse conjunto de atores sentam juntos”, afirmou Aron Belinky, coordenador geral do evento. 

Nessa primeira reunião, os grupos de trabalho discutiram, principalmente, a melhor definição para o conceito de Economia Verde, além das oportunidades e dos entraves para que ela cresça no país. Um dos conceitos disseminados entre os participantes, que têm atuações e interesses diversos, foi o de que o termo Green Economy deve ser traduzido como economia verde e inclusiva. “A economia verde não deve ser boa apenas para o meio ambiente, mas também para a sociedade”, disse Belinky. Além disso, também foi definido que o conceito não deve apenas ajudar na redução dos impactos ambientais e das demandas sobre recursos escassos dos ecossistemas, mas também gerar valor para a natureza. 

Entre as oportunidades identificadas para que o Brasil construa uma economia verde, estão:

- surgimento de novas tecnologias que beneficiem uma produção sustentável; 
- visibilidade do país no cenário internacional por sua megadiversidade; 
- construção de um plano nacional para produção e consumo sustentável, conforme projeto que está disponível para consulta pública; 
- estabelecimento de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos; 
- maior envolvimento da sociedade civil com o tema; 
- valorização de áreas ambientais, através do pagamento por serviços de preservação; 
- várias legislações e processos para estabelecimento de preços mais justos para o comércio e 
- educação ambiental e democratização da informação. 

Por outro lado, ainda há algumas questões (obstáculos) que devem ser trabalhadas, pois representam uma ameaça para o desenvolvimento desta economia. São elas:

- desigualdade social brasileira; 
- políticas públicas sobre meio ambiente desarticuladas; 
- consumismo desenfreado, em contraposição ao consumo consciente; 
- lobbies de grandes empresas e greenwashing (falsa propaganda de apelo ambiental); 
- baixa qualidade da educação brasileira e 
- mercantilização do meio ambiente, com a exploração do conhecimento de comunidades tradicionais. 

A partir das vantagens e desvantagens destacadas, os grupos de trabalho devem definir, em próximas reuniões, propostas para levar à Rio +20. Ficou decidido que, no final do ano que vem, haverá outra edição do Diálogos Nacionais: Rumo à Rio +20, no Brasil. Além disso, em breve será criada uma plataforma de discussão online, onde os participantes poderão dividir suas experiências e visões sobre economia verde. 

No próximo ano, Índia, Mali, Caribe e União Europeia deverão sediar edições do Diálogos Nacionais: Rumo à Rio +20.


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Comentário sobre a reportagem:


Achamos essa reportagem muito interessante porque ela define o que é economia verde e suas atribuições para a humanidade. Segundo a matéria, economia verde se define como algo que propicia melhoras no bem-estar do mundo em igualdade, sendo capaz de naturalmente reduzir os danos ao meio ambiente. A definição é complexa e pode ter vários significados. Em uma matéria recente do site observatoriorioeco.com.br, os idealizadores do "projeto" economia verde revelam o que tinham em mente sobre a criação do "ideal" que, se baseava no crescimento de renda e emprego e a forma de conduzir o mundo seja baseada em uma economia que focasse na redução da emissão de gases de carbono. A sustentabilidade deve ser uma coisa planejada e executada, porém, "exigir" que as economias simplesmente "parem de crescer" da maneira que estão e comecem uma nova linha de trabalho, baseada quase que exclusivamente para o meio ambiente é algo que pode gerar problemas futuros. A reportagem também inclui algumas propostas, vantagens e desvantagens de uma economia verde, não sendo extremamente radicalista, como os princípios iniciais da mesma.


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